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Dia Mundial da Saúde: Inícios saudáveis – futuros esperançosos

07 DE ABRIL DE 2025 - DIA MUNDIAL DA SAÚDE

Este ano, o Dia Mundial da Saúde tem como tema principal: Inícios saudáveis – futuros esperançosos visando a saúde das mães e dos bebês que são a base de famílias e comunidades saudáveis, ajudando a garantir um futuro promissor para todos nós. Eu como agente de endemias há uma década, acho muito importante pensarmos na saúde de qualidade e acessível a todos e o que vem em mente é: informação, orientação e prevenção. Somente com a educação da população, orientando-a de forma correta sobre como utilizar os equipamentos públicos que poderemos mudar o atual quadro vivido por nós. 

Podemos acompanhar um pouco desse triste quadro no site da prefeitura de São José do Rio Preto, no painel geral de vigilância, um boletim com estudos sobre mortalidade infantil a partir de 2006; em que infelizmente já foram registrados 2.701 casos de óbito, sendo 37 só em 2025. Esse número é assustador, pois são cerca de 100 a 150 crianças em média a cada ano, que talvez poderiam ser evitados com acompanhamentos pré-natal e puericultura.

Um esboço disso é reflexo daquilo que vejo na unidade de saúde onde eu trabalho atualmente. As famílias perderam o hábito de ir fazer o acompanhamento do recém-nascido e da criança, pois a fase mais importante da vida do ser humano são os primeiros 1000 dias de vida, em que é feito o acompanhamento para alcançar o pleno desenvolvimento físico, emocional e social, além de poder detectar precocemente doenças raras. Segundo dados do site o maior número de óbitos foi de 1.175 nos primeiros 07 dias ou menos de vida, seguido por 955 crianças entre um mês e antes de completar seu primeiro ano de vida. Isso significa que é essencial para a criança o recebimento de todos os cuidados necessários para que a estatística mude.

  Apesar disso, estamos vivendo uma era imediatista e conseguimos observar que as famílias adquiriram o hábito de levar a criança no médico somente quando está doente em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA)  ao invés de fazer o acompanhamento na Unidade de Básica de Saúde (UBS), deixando a prevenção de lado e sobrecarregando um só sistema. Os atendimentos diários com a pediatra caíram bastante e não é por falta de criança e sim por falta de procura de acompanhamentos.

Na minha experiência como mãe, posso afirmar que o pré-natal foi de suma importância na minha primeira gestação por ser muito jovem. Além da prevenção que obtive nos acompanhamentos mensais com a ginecologista, pude aprender muito e com isso tive uma gravidez tranquila. Após o nascimento da minha primogênita, graças ao acompanhamento periódico no pediatra, pude garantir uma amamentação de qualidade até os 2 anos de idade e ela teve uma ótima saúde na sua primeira infância. Já na minha segunda gestação em meio a uma pandemia de Covid-19, agora um pouco mais velha (11 anos depois), o pré-natal foi imprescindível para minha saúde e do bebê, pois tive diabetes gestacional, hipertensão, sobrepeso, precisei tomar injeções de anticoagulantes todos os dias para prevenção de trombose e ainda enfrentei uma dengue.

Foram muitos cuidados para chegar até o parto sem complicações já que era uma gravidez de risco e o bebê nascer saudável e, sem o pré-natal isso não seria possível. Sem acompanhamento pediátrico desde o nascimento, eu não teria conseguido fechar o diagnóstico de autismo do meu segundo filho. Iniciamos as terapias com 1 ano e 3 meses e isso colaborou para que ele tivesse um ótimo desenvolvimento, saindo do nível 2 de suporte para o nível 1 e nada disso seria possível senão fosse diagnosticado logo, quadro que poderia até evoluir.  

  
Portanto, para diminuirmos a taxa de mortalidade infantil é importantíssimo tanto o acompanhamento pré-natal com ginecologista e depois o neonatal com o pediatra, 1 vez por mês, até os 6 meses e a cada dois meses até completar 2 anos de idade. Após esse período, as consultas são feitas anualmente. As vacinas também devem estar em dia, para saúde do seu bebê e da comunidade, para que doenças já erradicadas não voltem a circular.  

E é com essa história inspiradora que reforço o quanto a prevenção é muito importante para diminuirmos essa taxa de mortalidade infantil. Espero ter te tocado e te inspirado a se envolver nessa campanha, afinal, todos nós conhecemos uma mulher grávida ou que teve bebê recentemente. Então mesmo que você não seja mulher ou seja mulher, mas não pretende ser mãe, esse artigo também é para você, pois como sociedade, é nosso dever disseminar informações boas e de qualidade como essa!

Jéssica Fernanda do Amorim Silveira é agente de endemias, diretora do SSPM e completa em maio 10 anos como servidora pública. Atua ativamente no fórum dos trabalhadores, conselho local e conferência da saúde como delegada nas etapas estadual, municipal e nacional.
 

07 de abril de 2025